Cervejas de Abadia Reviews: Qual Estilo é o Melhor?

Thiago Nunes da Silva
Thiago Nunes da Silva
7 min. de leitura

Escolher uma cerveja de abadia pode parecer complexo com tantos estilos e nomes. Este guia foi criado para ser seu recurso definitivo. Aqui, não vamos apenas listar rótulos, mas sim ensinar você a identificar as características de cada estilo, como Dubbel, Tripel e Quadrupel.

Ao final desta leitura, você saberá exatamente qual tipo de cerveja de abadia se encaixa no seu paladar e ocasião, permitindo que você faça sempre a melhor escolha por conta própria.

O Que Define uma Cerveja de Abadia?

Uma cerveja de abadia é um termo que se refere a uma ampla categoria de cervejas com raízes na tradição cervejeira monástica da Bélgica. Diferente do que muitos pensam, a maioria não é produzida dentro de mosteiros.

O nome "abadia" indica que a cerveja segue um estilo histórico, caracterizado por alta fermentação, complexidade aromática e sabores ricos que vêm principalmente da levedura belga.

São cervejas que valorizam a tradição, o sabor e a qualidade, muitas vezes com teor alcoólico mais elevado.

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Para organizar este mercado, existe o selo "Cerveja Belga de Abadia Reconhecida" (Erkend Belgisch Abdijbier). Este selo não garante que monges produziram a bebida, mas sim que uma cervejaria comercial possui uma licença de uma abadia existente ou histórica.

Parte dos lucros é revertida para a abadia ou para as instituições de caridade associadas a ela. Isso diferencia as cervejas de abadia licenciadas daquelas que apenas usam o termo "abadia" como uma jogada de marketing para descrever o estilo.

Análise das Melhores Cervejas de Abadia

Em vez de analisar rótulos específicos, vamos detalhar o perfil de cada estilo clássico de abadia. Com isso, você aprende a identificar uma cerveja de qualidade e a escolher aquela que mais agrada seu gosto.

Uma ótima cerveja de abadia entrega complexidade, equilíbrio e uma experiência sensorial única, fiel à sua proposta.

A Dubbel é a porta de entrada para muitos no mundo das cervejas belgas. Uma Dubbel exemplar apresenta coloração marrom-avermelhada e uma espuma cremosa. No aroma, você encontrará notas de frutas escuras, como ameixa e uva passa, combinadas com toques de caramelo, toffee e um leve condimentado.

O sabor acompanha o aroma, com o dulçor do malte em primeiro plano, mas com um final surpreendentemente seco, que convida ao próximo gole. O amargor é baixo e o álcool, geralmente entre 6% e 7.

6%, é bem inserido, aquecendo sem agredir.

Este estilo é perfeito para quem aprecia cervejas maltadas e adocicadas, mas com um bom nível de complexidade. Se você gosta de cervejas como a Bock ou a Brown Ale, mas busca um perfil de fermentação mais frutado e condimentado, a Dubbel é a escolha ideal.

Ela funciona muito bem sozinha, em um dia mais frio, ou acompanhando pratos robustos como carnes de panela e queijos de média intensidade.

A Tripel representa um salto em intensidade e complexidade. Sua aparência engana: uma cor dourada e brilhante com uma espuma densa e branca esconde um teor alcoólico elevado, entre 7.

5% e 9.5%. A protagonista aqui é a levedura belga. Ela gera aromas e sabores complexos de frutas amarelas como banana e damasco, além de notas de especiarias que lembram pimenta-do-reino e cravo.

A cerveja é altamente carbonatada, o que lhe confere uma textura frisante e ajuda a limpar o paladar.

Para os amantes de cervejas potentes, complexas e efervescentes, a Tripel é uma escolha sem erro. É uma cerveja para quem já tem alguma experiência e não se assusta com um perfil mais alcoólico e condimentado.

Sua secura e carbonatação a tornam surpreendentemente versátil para harmonizações, cortando a gordura de pratos com aves, peixes e molhos cremosos.

A Quadrupel, também conhecida como Belgian Dark Strong Ale, é o ápice da força e complexidade entre as cervejas de abadia. Com uma cor que varia do âmbar escuro ao marrom profundo, ela é uma cerveja para ser apreciada lentamente.

Seus aromas são ricos e remetem a frutas passas, figos, melaço, chocolate e um toque de álcool que lembra licores. No paladar, ela é encorpada, com um dulçor proeminente, mas equilibrado por um aquecimento alcoólico e um final longo.

Esta cerveja é indicada para o bebedor experiente, que busca uma bebida de meditação. É a cerveja perfeita para fechar uma noite, acompanhar uma sobremesa rica ou aquecer no inverno.

Seu perfil licoroso e sua potência alcoólica, frequentemente acima de 10%, exigem respeito. Se você aprecia vinhos do Porto, conhaques ou outras bebidas complexas, a Quadrupel oferece uma experiência cervejeira à altura.

Dubbel, Tripel ou Quadrupel: Entenda as Diferenças

Os nomes Dubbel, Tripel e Quadrupel surgiram historicamente das marcações que os monges faziam nos barris para indicar a concentração de malte e, consequentemente, a força da cerveja.

Embora hoje não sigam uma fórmula rígida, os nomes ainda representam uma escala de intensidade, cor e complexidade.

  • Dubbel (Dupla): Caracteriza-se pela cor marrom, teor alcoólico moderado (6-7.6%) e um perfil de sabor focado no malte, com notas de caramelo e frutas escuras. É a mais suave entre as três.
  • Tripel (Tripla): Apresenta cor dourada, teor alcoólico mais alto (7.5-9.5%) e um perfil de sabor dominado pela levedura, com notas frutadas (banana, damasco) e condimentadas (cravo, pimenta). Seu final é seco.
  • Quadrupel (Quádrupla): É a mais forte e escura, com teor alcoólico que começa em 9% e pode passar dos 12%. Seu sabor é rico e licoroso, com notas intensas de frutas passas, toffee e chocolate. É uma cerveja de guarda.

Cerveja de Abadia vs. Cerveja Trapista: Qual a Relação?

Toda cerveja Trapista é uma cerveja de abadia, mas nem toda cerveja de abadia é Trapista. A confusão é comum, mas a diferença é clara. Para ser chamada de Trapista, uma cerveja precisa seguir três regras rigorosas e portar o selo "Authentic Trappist Product" (ATP).

Primeiro, ela deve ser produzida dentro dos muros de um mosteiro da Ordem Trapista. Segundo, a produção deve ser supervisionada pelos monges. Terceiro, os lucros devem ser usados para o sustento do mosteiro ou revertidos para caridade.

A cerveja de abadia, por outro lado, é uma categoria estilística. Ela se inspira na tradição monástica, mas pode ser produzida por qualquer cervejaria. Algumas cervejarias comerciais têm acordos de licenciamento com abadias existentes, podendo usar o nome da abadia no rótulo.

Outras simplesmente produzem cervejas no estilo Dubbel, Tripel ou Quadrupel sem nenhuma afiliação religiosa. O termo "abadia" descreve o estilo da cerveja, não necessariamente sua origem.

Em resumo, "Trapista" é uma denominação de origem controlada, que garante um processo e um propósito específicos. "Abadia" é um termo que descreve um conjunto de estilos de cerveja.

Ao ver o selo ATP, você tem a certeza de uma origem autêntica. Ao ver "Abbey Ale" ou "Abdijbier", você sabe que está diante de um estilo belga complexo e tradicional, mas a produção é, na maioria das vezes, comercial.

Como Harmonizar Cervejas de Abadia com Comidas

A complexidade das cervejas de abadia as torna excelentes parceiras na gastronomia. A regra básica é combinar a intensidade da cerveja com a do prato. Cervejas mais leves e delicadas pedem pratos mais sutis, enquanto cervejas potentes e escuras brilham ao lado de comidas robustas.

Aqui estão algumas sugestões clássicas:

  • Dubbel: Harmoniza por semelhança com carnes vermelhas grelhadas ou assadas, especialmente cordeiro. Queijos de média maturação, como Gouda ou um Cheddar suave, também são ótimas pedidas. Para sobremesas, experimente com um crème brûlée.
  • Tripel: Sua alta carbonatação e notas condimentadas cortam a gordura de pratos mais pesados. Funciona muito bem com frango assado, lombo de porco, salmão e até mesmo moules frites (mexilhões com batatas fritas), um clássico belga. Queijos de casca lavada, como o Limburger, são desafiadores e recompensadores.
  • Quadrupel: É uma cerveja para pratos e momentos intensos. Harmoniza perfeitamente com queijos azuis, como Gorgonzola e Roquefort. Carnes de caça, goulash e sobremesas à base de chocolate amargo criam combinações memoráveis, onde a cerveja atua quase como um molho ou um digestivo.

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